sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dezembro de 2009


Especial: escândalo da carne de cachorro
Nossos cães estão seguros?
Um mês após o caso que chocou o país, a cidade de São Paulo ainda não tem um laudo sobre os materiais recolhidos nos restaurantes. Veja como protestar contra o desinteresse e a morosidade

O animal da foto esteve presente, no dia 12 de novembro, no noticiário policial em um caso que assombrou o Brasil. Ele é o sobrevivente de um matadouro clandestino que fornecia carne de cães para restaurantes coreanos no bairro do Bom Retiro em São Paulo (SP). O local usado para a matança – realizada com requintes de crueldade – funcionava nos fundos de uma borracharia em Suzano, região da Grande São Paulo e foi fechado.

Os responsáveis aguardam, em liberdade, julgamento sob acusação de maus-tratos contra animais, crime de relação de consumo e formação de quadrilha. Enquanto isso, os restaurantes envolvidos tiveram toda a carne do freezer confiscada pela Consultoria Técnica em Vigilância Sanitária (Covisa), órgão municipal, para analise que até agora – o prazo previsto era de uma semana – não apresentou resultados.

Assim que circularam as primeiras informações desse deplorável acontecimento a ARCA Brasil iniciou um intenso trabalho de apuração e estabeleceu contato com os setores legislativos, policiais, demais ONGs, além daqueles relacionados com a saúde pública, como a Covisa, o Instituto Pasteur e o Secretaria da Agricultura. Porém, encontrou no caminho órgãos públicos desinformados, que não retornam ligações e o famoso “tente de novo amanhã”, deixando a impressão de que o caso não está sendo tratado com a devida seriedade.

Enquanto os laudos da Covisa não saem, todos os acusados estão em liberdade e um dos restaurantes envolvidos – que mantinha uma foto de cachorro em seu cardápio, além de constranger e dificultar a entrada de brasileiros – já funcionava no dia seguinte às apreensões. Questionado a respeito, o órgão informou que o local “não se enquadrava nos quesitos descritos pela legislação sanitária que justificasse sua interdição”, embora tenha sido advertido.

A postura do órgão revoltou setores da proteção animal. “Quando eu tinha restaurante, respondi a um processo por vender vôngole (frutos do mar) sem SIF [Serviço de Inspeção Federal], sendo que na época não havia vôngole “sifado”. Os caras vendem carne de cachorro e nenhum advogado conhece a lei?", indigna-se a psicóloga e protetora Ana Paula Siqueira. Também para Marco Ciampi, é inconcebível que um local que comercializa carne de cães recolhidos nas ruas não apresente qualquer outro aspecto que justifique o seu fechamento.

Embora os cães sejam as maiores vítimas nessa história, a conduta dos envolvidos também coloca em risco a saúde da comunidade coreana. “O consumo de carne de animais capturados de forma criminosa nas ruas traz ameaça de zoonoses, além da possibilidade de graves contaminações, pois os animais provavelmente estavam se alimentando de lixo antes de serem pegos”, explica Rosângela Ribeiro, veterinária técnica da ARCA Brasil. O instituto Pasteur, assim como o Ministério da Agricultura e a Secretaria da agricultura também foram consultados, mas não se posicionaram oficialmente sobre o caso.

Quanto à legislação, embora a imigração coreana no Brasil já tenha 40 anos e um caso semelhante envolvendo restaurantes e carne de cachorro já tenha acontecido em 1996, não há lei ou documentos normativos que regulem a matéria. A ARCA Brasil oficiou ao Vereador Roberto Tripoli e ao Deputado Federal Ricardo Tripoli para que a produção, o comércio e o consumo de carne de animais domésticos (cães e gatos) sejam proibidos por lei, além de questionar sobre a demora nos resultados das carnes do restaurante, mas não recebeu respostas dos políticos.

A entidade também organizou junto ao Fórum Nacional de Proteção Animal uma carta para o consulado da Coréia do Sul em São Paulo e a Embaixada da Coréia do Norte, pedindo um posicionamento em relação ao caso, além do repudio aos cidadãos envolvidos. “Estamos em um grande esforço para que esse caso não seja esquecido e que todos envolvidos sejam punidos, mas algumas instituições parecem já ter entrado em clima de fim de ano É preciso cobrar as autoridades para que ajam na raiz do incidente e suas implicações.” critica Marco Ciampi. De acordo com ele, o principal esforço no momento é não deixar esse caso morrer.

Não deixe isso acontecer! Escreva para a prefeitura de São Paulo exigindo ações, se preferir, utilize o modelo abaixo. (Por favor, envie uma cópia para comunicacao@arcabrasil.org.br):

Exmos. Prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab; Januario Montone, Secretário da Saúde:

A notícia de que restaurantes comercializavam carne de cachorro em pleno centro de São Paulo chocou milhares de protetores de animais, bem como toda a população brasileira.

Causa indignação saber que, uma prefeitura que sugere preocupação com o Bem-Estar dos seus animais, com projetos como o Proben, seja negligente com um caso tão deplorável. O laudo das carnes prometido pelo Covisa para uma semana não saiu após mais de um mês do ocorrido, enquanto a população espera uma resposta.

No exercício pleno dos meus direitos como cidadão, venho por meio desta exigir que o caso seja devidamente apurado e os culpados punidos exemplarmente.

Grato pela atenção,

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