sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Homenagem


10 anos sem Nise da Silveira
Confira depoimento inédito do maior nome da psiquiatria brasileira, que descobriu que a arte e a sensibilidade dos animais podem curar

“A galinha está chorando, a galinha está chorando!” Aos 92, Nise da Silveira, psiquiatra mundialmente conhecida por seu pioneirismo no uso da arte como terapia para pacientes esquizofrênicos, descrevia o seu primeiro choque com o tratamento dado aos animais. Em idade pré-escolar, no final do longo corredor que dava para a cozinha, ela viu uma ave amarrada pelos pés, pronta para virar sopa. “Meu pai, que era professor de matemática, estava se preparando para dar aula, ouviu aquele berreiro incrível e veio ver o que era”, conta. O prof. Faustino Magalhães da Silveira a encontrou entre gritos e lágrimas e quis saber o que trazia tanta tristeza para sua filha única. “Olhe a galinha, ela está chorando porque sabe que a cozinheira vai matá-la.”, explicou a criança. O homem então declarou à mestre-cuca: “Solte a ave e nunca mais a prenda. Aqui não se come mais galinha”.

O episódio foi uma das revelações presentes em um registro histórico desta grande personalidade brasileira feito pela ARCA Brasil em 1998, no apartamento de Nise no bairro do Botafogo (RJ), durante a gravação de um depoimento para a abertura do II Congresso Latino Americano de Bem-Estar Animal, evento organizado pela entidade, e que homenageou a médica.

Nise da Silveira, nascida em 1906 na cidade de Maceió (AL), foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no país. Especializou-se no cérebro humano e chegou a ser aluna do psicanalista alemão Carl Jung. Atuou principalmente no Hospital Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, onde fundou, em 1946, um centro de Terapia Ocupacional. Lá criou terapias alternativas aos tratamentos convencionais usados nos manicômios, que até então envolviam desde fortes medicamentos cheios de efeitos colaterais, até eletrochoques e cirurgias mutilantes.

Pela via da arte e da convivência com animais, métodos ainda incipientes naquela época, ela desenvolveu caminhos por onde os pacientes poderiam se comunicar e melhorar. O doente mais famoso foi Bispo do Rosário, suas obras e a de muitos outros, podem ser encontradas no Museu de Imagens do Inconsciente, criado por Nise em 1952.

Sensibilidade e acessibilidade
Nise chamava os animais de “co-terapeutas”. A possibilidade da participação dos bichos em tratamento surgiu de uma história inusitada: Um dos pacientes rompeu um silêncio de muitos meses ao entrar em seu gabinete pedindo dinheiro para comprar remédios. Surpresa ela parou o que fazia e com muito tato descobriu que a atitude repentina fora causada por um peludo de quatro patas. O homem queria ajudar o cachorro de estimação do hospital que tinha se ferido. Ao ver a intensidade dos sentimentos que o animal pôde despertar no universo desse indivíduo, que só então quebrou a barreira de silêncio que o separava da realidade, ela percebeu o potencial deste tipo de terapia.

A relação de Nise com os bichinhos não era apenas “profissional”. Além de estar sempre rodeada por gatos, ela conta que também teve um cãozinho. “Chamava-se ‘Top’ e era um cachorro feio, todo preto. Mas, aí de quem chamasse o Top de feio! Eu chorava e desmanchava qualquer festa infantil por causa dele”, lembra sorrindo. A relação da psiquiatra com os animais foi registrada no livro “Gatos, a emoção em lidar”.

A médica também foi uma notória protetora dos animais. Nos anos 90 escreveu uma carta aberta ao prefeito do Rio de Janeiro para que este deixasse de lado uma ação que pretendia matar os gatos de uma determinada região da cidade e adotasse ações de prevenção à superpopulação, como a castração e a conscientização contra o abandono. O político voltou atrás e teve que repensar na política que adotaria. “O animal é muito mais acessível, muito mais doce”, disse Nise à ARCA em 1998, “e o homem é um grosseirão, um bicho bravo. A sensibilidade do animal é muito mais fina e superior do que a sensibilidade do bicho gente”, completou.

A ARCA Brasil presta sua homenagem à Dra. Nise da Silveira, uma pessoa que trouxe uma nova dimensão para as relações entre homens e animais ao demonstrar o quão intensas podem ser as interações entre essas espécies e os grandes benefícios que podem gerar.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A poesia.

"O nada é o tudo em matéria de principalmente.", "Foi poeta - sonhou - e amou na vida.", "Sou o sonho de tua esperança, tua febre que nunca descansa, o delírio que te há de matar!...", "Triste não é mudar de idéia, triste é não ter idéia para mudar.", “Para chorar as dores pequenas, Deus criou a afeição; para chorar a humanidade "

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Fogos: animais a beira de um ataque de nervos


Homeopatia e Florais de Bach são opções que podem ajudar seu amigão a enfrentar os lamentáveis rojões.

Para muitas pessoas essa é a época mais esperada do ano. É o momento de presentear, escrever cartões, exagerar na comida, e fazer as malas para curtir a virada do ano. Mas a correria pode ocultar dois itens importantíssimos do check-list para quem tem um bicho de estimação: como atenuar o medo causado pelos fogos de artifício e a “síndrome do abandono” – tão comuns entre dezembro e janeiro.

É fato que a audição dos cachorros é muito mais sensível que a nossa. Eles são capazes de escutar sons mais graves e mais agudos do que os humanos. Ou seja, o que pode ser agradável para nós, é um incômodo perigoso para os peludos.

Os fogos provocam fugas e até acidentes. “O animal pode ter alteração de apetite, apresentar dermatite psicogenica ao lamber excessivamente alguma parte do corpo e ainda ficar agressivo ou com medo das pessoas”, aponta a Veterinária Técnica da ARCA Brasil, Dra. Rosangela Ribeiro.

Você, proprietário responsável e cauteloso, pode evitar que esse tipo de situação aconteça com o seu amigo mais fiel. Para isso, siga as 10 principais dicas da ARCA Brasil:

1. Coloque uma coleira com plaqueta de identificação (RGA) no pescoço do seu cão ou gato, importante para achá-lo no caso de fuga. A coleira do gato deve ser elástica, para que não haja risco de enforcamento ao se prender a um galho ou outro objeto. A plaqueta deve conter o número do seu telefone (residência e celular).

2. Verifique se muros, cercas e portões encontram-se em bom estado e são suficientes para impedir a fuga do seu animal, mesmo que ele esteja apavorado. Antes do início dos fogos, acomode o seu animal em um ambiente protegido e seguro dentro de casa, ou numa área externa em que ele fiquem isolado dos perigos.

3. Nunca deixe seu animal preso em corrente, pois na hora do pânico ele pode se machucar ou se enforcar. Se tiver mais de um cão, evite deixá-los juntos por precaução. Na hora dos fogos, excitados pelo barulho, podem brigar e se ferir gravemente.

4. Ofereça alimentos leves antes dos fogos. Distúrbios digestivos provocados pela agitação e pelo pânico podem levá-lo à morte.

5. Se você mora em apartamento, verifique se as telas de proteção das janelas estão firmes e seguras. Se não tiver tela, evite deixar as janelas escancaradas, sobretudo se você tem gatos e se não estiver em casa à meia-noite do dia 31.

6. Antes da meia-noite aproxime seu animal da TV ou de um aparelho de som e vá aumentando aos poucos o volume para que ele se distraia e se acostume com o som alto. Dessa maneira não ficará tão assustado com o barulho dos fogos.

7. Apesar de serem desconfortáveis, tampões de silicone ou algodão podem ser utilizados para diminuir a audição, e devem ser retirados assim que os barulhos cessarem.

8. Saia para passear e brincar com o seu cão o máximo de vezes no dia das festas, assim ele ficará cansado durante a queima de fogos, e o medo dos rojões terá uma ação menor.

9. Para os gatos, transforme um quarto no cantinho deles. Crie algumas tocas com cobertores para aumentar a sensação de proteção.

10. Consulte um veterinário para saber sobre medicações e calmantes que podem tranqüilizar seu bichinho. Mas lembre-se: nunca dê medicamentos ao seu cão ou gato sem a indicação veterinária.



Fogos e rojões
Além das medidas de precaução, a homeopatia e os florais de bach, podem ser úteis para diminuir o estresse, o desconforto auditivo, as fobias geradas pelos rojões e até a “síndrome do abandono”.

“A homeopatia trata principalmente doenças crônicas e transtornos de comportamento, por isso é indicada em casos de medo ou fobia”, explica o Dr. Marcos Eduardo Fernandes, coordenador do curso de homeopatia da Anclivepa-SP. No entanto o tratamento exige um pouco mais de paciência, os resultados não são tão imediatos.

Já os Florais de Bach funcionam como uma alternativa um pouco mais emergencial. “O animal pode tomar o floral uma semana antes das festas. Eles não são químicos e não têm contra-indicações. O tratamento é fácil e de baixo custo”, esclarece a Terapeuta Holística, Deolinda Eleutério.

A terapeuta formada pelo Instituto Dr. Bach em Florais de Bach em Animais, indica as seis essências que vêm em um único frasco, dura de 10 a 12 dias e custa cerca de R$ 15. A fórmula (abaixo) deve ser dada uma semana antes das festividades:

Aspen = para animais que se assustam
Cherry Plum = comportamento incontrolável, compulsão, tremores, convulsões
Mimulus = medo
Rock Rose = terror, pavor
White Chestnut = preocupações, manias, coceiras
Rescue = resgata o equilíbrio das emoções em momentos de crise


“Peça florais sem nenhum tipo de conservante numa farmácia homeopática ou de manipulação. Para cães e gatos coloque de 8 a 10 gotas no pote de água e repita o procedimento a cada troca”, indica Deolinda. Lembre-se: a fórmula deve ser mantida na geladeira.

“Síndrome do abandono”
Antes de fazer as malas, saiba reconhecer se o seu cachorro sofre da “síndrome do abandono”, uma alteração comportamental observada toda vez que o dono chega ou saí de casa. As reações exageradas do cão demonstram que ele pode sofrer dessa doença, que vêm preocupando cada vez mais.

Mas antes de considerar o seu animal doente, calma, nem tudo é o que parece. “Tornou-se moda atribuir todos os problemas à ansiedade da separação, mas os cachorros destrutivos, que latem muito, fogem, ou fazem as necessidades dentro de casa quando ficam sozinhos podem agir por inúmeras razões”, explica a Ph.D norte-americana Suzanne Hetts, parceira da ARCA Brasil e uma das maiores especialistas do mundo em Comportamento Animal (saiba mais).

Segundo a especialista a falta de exercícios regulares, brincadeiras, estímulos mentais e contato social podem causar comportamentos parecidos com o da síndrome. “A diferença é que o cachorro ficará praticamente em pânico toda vez que ficar sozinho e não apenas uma parte do tempo como cães entediados tendem a fazer”, diferencia a cientista Suzanne Hetts.

Nos casos evidentes procure um médico veterinário. Algumas medicações podem diminuir esse tipo de excitação exacerbada. Os florais também ajudam, a fórmula é a mesma usada para os que se assustam com os estouros dos fogos.

Cuidados especiais para a “melhor idade”
Os velhinhos exigem mais atenção. O cocker spaniel Bono Vox, personagem da matéria Eles também envelhecem(LINK http://www.arcabrasil.org.br/noticias/0903_geriatria.html), completou 12 anos em outubro e por não ser mais o mesmo, não agüenta grandes festas e aglomerações de pessoas. Nessas ocasiões fica nervoso e muito cansado. Para evitar o sofrimento do mascote a família buscou o pet shop de confiança para cuidar do peludo na véspera do Natal e na virada do ano.

A idade avançada não significa doença, mas pede maior atenção, carinho e muito amor. Observe como o seu amigão reage a essas mudanças de rotina e caso seja necessário, utilize os florais já citados.

“As essências não vão tranqüilizá-lo, mas irão equilibrar as emoções. Se o animal se acalma é sinal que está equilibrado e os florais agiram bem”, conclui a terapeuta holística.

Considere a possibilidade de deixá-lo em um local mais confortável e longe do agito. Pesquise com o veterinário, no pet shop de confiança e entre seus amigos. (Confira aqui (LINK http://www.arcabrasil.org.br/noticias/0911_rabichos.html) como escolher o lugar mais adequado).

Comemore sem esquecer a saúde e o bem-estar do seu bichinho.

Leia mais:
Suzanne Hetts:http://www.animalbehaviorassociates.com